É fato que você se acostuma com algo que faz todos os dias. Vira rotina toda situação, todo gesto, todos os olhares, e se alguma coisa sai desse eixo, você estranha. Mas também é certo que algumas coisas mesmo comuns, te deixam em dúvida do porquê de sua existência.
Horário de pico em alguma estação com muito movimento, geralmente aquelas que são baldeações de outras linhas. Todo mundo ali, preparado para o embarque e o trem chega. Quando as portas se abrem, o que se ouve são berros e mais berros. Por que?!
Eu não sei se aquilo é felicidade extrema por ele chegar ou simplesmente, um grito de guerra mesmo e, muitas vezes, ensurdecedor. Será que se entrassem todos em silêncio perderia a graça da brincadeira? Bom, não sei, mas sempre me pergunto isso!
Outra coisa rotineira e que irrita em demasia nos horários é a seguinte frase: "Senhores passageiros, estamos circulando com velocidade reduzida, aguardando a movimentação do trem à frente".
Nossa, quando você está todo apertado, esmagado ou mesmo atrasado, ouvir isso é de matar, mas aí entra a minha reflexão sobre essa costumeira situação. Se ele está com velocidade reduzida, ele é preferencial, correto? Então, ele não deveria passar à frente de todos? Das duas, uma: ou mudam a frase ou criam uma alternativa para fuga nesses casos!
Também me deixa em crise quando vejo alguém chegando cheio de bolsas e sacolas dentro de um vagão lotado e quando peço para segurá-las, a pessoa dá aquela encarada olhando dentro dos meus olhos e não aceita a gentileza. Tudo bem, é opção dela ser masoquista e usar de seu livre-arbítrio, mas eu sei que quando o trem começar a balançar ou frear bruscamente, só verei essa pessoa tentando se equilibrar e, muitas vezes, bater em todo mundo ao seu redor.
Eu posso ser descabelada, usar óculos torto no rosto, mas não vou roubar nada não, gente! De quebra, a gente ainda poderia fazer amizade e o máximo que poderia acontecer é você ganhar alguma coisa, tipo um marca-página da Viajante, afinal de contas, é assim que as propagandas gratuitas acontecem!
Qual a dúvida existencial vocês possuem no dia a dia?
Andréia Garciaé coordenadora de projetos em ERP e autora do blog www.aviajantedotrem.com.br.