Cibelli Marthos
Da Redação
Preocupados com a possibilidade de a água armazenada nas represas do Sistema Produtor do Alto Tietê (Spat) acabar em dois meses, os deputados estaduais do Alto Tietê pretendem acompanhar ainda mais de perto a crise hídrica que parte do Estado vive. O parlamentar André do Prado (PR) deve se reunir nos próximos dias com a presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Dilma Pena, para cobrar a apresentação de um plano emergencial para o abastecimento da região.
"Queremos saber se a população do Alto Tietê poderá sofrer qualquer prejuízo mais grave no abastecimento de água. As soluções precisam ser emergenciais e combativas", destacou o deputado. Segundo ele, serão cobradas informações sobre quais ações efetivas estão previstas para o Alto Tietê.
André do Prado reforçou ainda que o enfrentamento dessa situação precisa ser imediato, já que hoje o Spat opera hoje com apenas 8,2% de sua capacidade de armazenamento. "Nós estamos acompanhando todas as ações que o Estado têm realizado para conter o avanço do esgotamento dos sistemas produtores de água. É preciso, contudo, observar que o governo buscou não interromper o abastecimento da população e o remanejamento das águas foi preciso para evitar qualquer prejuízo à população abastecida pelo Sistema Cantareira, mais afetado pela falta de chuvas", afirmou.
O parlamentar destacou ainda que o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) já informou, por meio de nota, que a captação do Spat está em conformidade com a outorga concedida pelos órgãos reguladores.
O também deputado Estevam Galvão de Oliveira (DEM) afirmou ao Dat apenas que acompanha a questão da estiagem "há meses junto ao governo do Estado, por meio de reuniões com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e secretariado, a fim de verificar as medidas que estão sendo tomadas para evitar prejuízos à população".
Previsão
Em um mês, o volume de água registrado nas represas apresentou queda de 4%, passando de 12,5% no dia 22 de setembro para 8,2% conforme registrado anteontem pela Sabesp. Se o período de chuvas escassas persistir e o consumo for mantido, antes mesmo do Natal os moradores da região não terão mais água em suas torneiras, já que a reserva acabará em dezembro.
A situação do Spat pode ser considerada ainda mais grave que a do Sistema Cantareira, por exemplo, já que neste caso não é possível usar o "volume morto". Em setembro, a Sabesp descartou a possibilidade de utilizar a reserva técnica do sistema que atende a região e, desde o início do ano, também alguns bairros da capital. A ampliação das regiões atendidas pode ter colaborado, inclusive, com a redução cada vez maior do nível de água armazenada nas repressas do Spat.
Para o deputado estadual Luiz Carlos Gondim (SDD), a utilização da água dos reservatórios da região na capital poderá prejudicar o abastecimento no Alto Tietê. "O que ajudou a manter o abastecimento em São Paulo foi devido à retirada de água na estação de tratamento de Taiaçupeba. Vou fazer gestões junto à Secretaria de Recursos Hídricos para saber qual a solução para a nossa região. O que considero importante, neste momento, é diminuir a vazão de água dos reservatórios do Alto Tietê para a capital, porque não adianta abastecer São Paulo e ficarmos depois sem água", explicou.
Ele ressaltou ainda que apresentou nesta semana o projeto de lei nº 1.315 que estabelece o Programa de Proteção e Conservação às Nascentes de Água, visando a identificação, a catalogação e a preservação das nascentes de água existentes em todo o território paulista. "Acredito que os municípios do Alto Tietê, que têm reservatórios de água, deveriam receber recursos por armazená-la".